Passou tempo, muito tempo passou. Estava eu a caminhar naquela noite estranha que adveio daquele dia que tantas emoções me tinham proporcionado, eis que, Imediatamente de repente, subitamente dou conta de mim a pensar. Sinto-me mal, tenho um nó na garganta. Uma lágrima resvala-se pela minha face, o céu está sombrio, encoberto de nuvens negras por todo o lado, atrás esconde-se a lua. E é como a lua que eu naquele momento desejava estar. Escondido, secreto, oculto. Para meu maior desânimo sentia o mundo inteiro a espiar-me, a observar-me, a tentar condenar-me. É aqui que caio por terra, encosto-me a algo escuro e imperceptível, similar a um rochedo. Sinto-me fraco, sem se quer conseguir distinguir o certo do errado, sem se quer distinguir o que penso do fundo do meu motor de sobrevivência daquilo que com o sangue a aferventar-me pelas veias me vem a cabeça. Estou cabalmente confuso acerca de mim mesmo, quanto mais cogitar o outro. Abruptamente uma força vinda do desconhecido atinge-me de tal forma que me faz imperiosamente pensar no outro, pois, sem o outro nada é possível. E é aqui que sinto uma amotinação de tal tamanho que fecho os olhos com força, e quando os volto a abrir a lágrima já lá não está, o nó encobriu, e o céu aclarou, a lua brilhante em quarto minguante iluminava todo o céu, e, ao olhar ao alto, vinha em mim uma colossal esperança que me deu força para me levantar e o meu caminho continuar. Eis então, que acendo um cigarro e me ponho com entusiasmo e deliberação de novo a caminhar. A vida um dia vai acabar por me encantar.
Bernardino
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