terça-feira, 15 de dezembro de 2009

No intrínseco da noite

A noite já ia a meio, e a chuva caia, ouvia-se o som das gotas de água vindas do céu que caiam nos telhados e nos caleiros que rodeavam o local. Sentia gente a conversar, outros a rir, e eu estava a tentar estudar. Mas o meu cérebro estava perturbado, e, de cigarro na mão o estudo começava a parar e o pensamento a afastar-se cada vez mais. Fazia imenso frio naquela noite de chuva intensa, e na solidão da noite, aquela solidão que já não estava habituado fazia-me vir a mim e sentir na pele a pressão e responsabilidade que tinha entre ombros. A vida fascinava-me, mas em momentos de pura ilusão. O objectivo seria um fascínio com lucidez, um fascínio inabalável e incontornável pela vida. Mas as dificuldades, preocupações e responsabilidades falavam tão alto que me esquecia do cigarro aceso que quase me queimava o dedo. Mais uma questão nascia para mim neste instante. Será que algum dia o fascínio da vida vai conseguir ultrapassar todos estes obstáculos? Será que algum dia conseguirei obter o fascínio que tanto anseio? Pois uma certeza tinha em mim, sem fascínio já mais conseguirei triunfar. Será que algum dia irei conseguir vencer? Mais uma questão que o meu cérebro penso pensante coloca no ar para tentar nas suas gavetas encontrar a resposta para eu me acalmar. E, no silêncio da solidão, uma música de fundo salta ao ouvido, e mais uma ve o meu pensamento tinha sido deslocado, tinha sido movido.
Já não consigo mais obter concentração
E assim, calmamente vou tentar filtrar o pensamento nesta cambada de questões que me dão a volta a cabeça por mais absurdo que pareça…



Bernardino

Sem comentários: